A história do movimento estudantil no Brasil sempre foi pontuada por muito envolvimento e participação ativa na vida política. Ele fez história e foi referencial de idealismo e muita coragem, construindo assim o seu papel em busca de cidadania.
Com autonomia, responsabilidade, participação, solidariedade e organização social, os estudantes sempre tiveram sua parcela na história de todos nós. Todavia, com o golpe de 1964 a juventude foi perdendo o seu espaço autônomo de reivindicação, apesar das lutas. A repressão foi abafando os ideais até quando houve a instalação dos centros cívicos, a níveis de Ensino Fundamental e Médio. Esse golpe fragmentou a organização estudantil e respaldou, nas Escolas, as ideologias do poder vigente.
Com a redemocratização nos anos oitenta, ressurgem os Grêmios Estudantis após muita luta, inclusive em nível Nacional gerando em seu bojo a lei federal nº 7.398, de 04/11/85 que, no seu Artigo 1º, assegura a organização de grêmios estudantis como entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas,
Este resgate histórico recoloca a escola púbica como patrimônio da comunidade e exige a participação de todos os segmentos organizados da sociedade na construção de uma educação de qualidade pois, entendida como espaço propício à prática democrática, é na escola, instituição formadora da cidadania, que o jovem desenvolve o senso crítico e torna-se responsável pelo próprio aperfeiçoamento pessoal.
Nesse contexto, o Grêmio Estudantil deve contribuir para o aprimoramento do processo educacional, atuando com finalidades educativas, culturais, cívicas, desportivas e sociais, de maneira harmônica com outras instituições ligadas à escola (Colegiado Escolar, Associação de Pais), e em consonância com o Projeto Pedagógico da Escola.
Vale salientar que os grêmios estudantis não podem apenas cuidar de atividades recreativas e culturais, mas também devem levar à frente as lutas dos estudantes pela melhoria do ensino, por um tratamento mais digno, por mais democracia na escola e participar das lutas mais gerais que os movimentos sociais realizam.
Um órgão de estudantes que só pensa em promover festas e torneios não estará contribuindo para formar um estudante consciente e capaz de lutar pelos seus direitos. Um grêmio que só cuida de reivindicar e conduzir lutas não consegue apoio e participação de muitos colegas esquecendo-se de procurar atingir uma de suas metas mais importantes, que é a de tornar a escola mais prazerosa e proveitosa para os estudantes.
Promovendo a luta reivindicatória e política, sem se esquecer das atividades recreativas e culturais, o Grêmio Estudantil acaba se transformando no órgão mais importante da escola, porque ele representa os estudantes. Afinal não é por causa do estudante que a escola existe?
Além de desenvolver o senso crítico e participativo, favorecer o aparecimento de lideranças, o engajamento dos alunos nas atividades escolares e da comunidade, o grêmio assume um caráter pedagógico ao promover a aprendizagem de processos inerentes a toda organização educacional, dotando jovens de conhecimentos fundamentais para uma atuação consciente, coletiva e organizada na sociedade para uma prática efetiva e construtiva da cidadania.
Os diretores escolares da rede estadual de ensino deverão dar apoio e estímulo à organização dos Grêmios Estudantis, propiciando aos alunos, condições de realização de reuniões para a formação das lideranças de turmas (CRT) e de comissões pró-grêmio, bem como, respeitadas as normas do Regimento Escolar, permitir o acesso de tais comissões às salas de aulas e o uso das dependências escolares para informes e esclarecimentos acerca das finalidades dessa Entidade.
Sugere-se que os Colegiados Escolares providenciem a divulgação da lei nº 7.398/85, entre os corpos docentes e discentes, para que não pairem dúvidas quanto ao direito dos alunos, caso desejem, de organizar e constituir o Grêmio como entidade autônoma e representativa de seus interesses.