sexta-feira, 8 de maio de 2009

A literatura nas aulas de matemática


TRAZENDO A LITERATURA PARA AS AULAS DE MATEMÁTICA

Ao utilizar livros infantis, os professores podem provocar pensamentos matemáticos por intermédio de questionamentos ao longo da leitura, ao mesmo tempo em que a criança se envolve com a história. Assim, a literatura pode ser usada como um estímulo para ouvir, ler, pensar e escrever sobre matemática. Para iniciar o trabalho, é importante, em primeiro lugar, que o professor goste de ler e tenha em mãos os livros com os quais queira trabalhar para que possa conhecer a história, visualizar as gravuras, que, muitas vezes, sugerem a exploração de um ou mais temas, e também para que possa elaborar atividades que sejam adequadas à classe com a qual está trabalhando. Em segundo lugar, é fundamental que os alunos conheçam a história e se interessem por ela. Para isso, o professor pode recorrer inicialmente aos mesmos recursos que utiliza ao trabalhar as histórias nas aulas de língua materna e é até interessante que faça assim para que as atividades surjam naturalmente como uma extensão do que os alunos estão acostumados a fazer com textos infantis. Para desenvolver uma atividade com literatura infantil e matemática, não há necessidade de um livro para cada criança, pois a classe pode ouvir a história ou lê-la em duplas ou grupos. Após os alunos terem lido ou escutado a história, eles podem expressar o que perceberam, usando recursos como: cartazes, murais, álbum seriado, flanelógrafo, dramatização ou então, por meio de diferentes formatos escritos como: anúncios ou artigos de jornal ou mesmo pequenos textos que mostrem idéias apresentadas no livro. A matemática pode aparecer relacionada ao próprio texto, enredo do livro ou estar implícita a ele, e necessitar de algumas problematizações para ser percebida pelos alunos. Em ambos os casos, é preciso deixar claro que uma mesma história deve ser lida e relida entre uma atividade e outra, para que as crianças possam perceber todas as suas características e, por isso, um mesmo texto pode ser utilizado em diferentes momentos do ano. Ao usar o livro, pode-se ir propondo questões de forma a tornar o trabalho mais dinâmico: O que será que vem agora? Como será o final? Quais as diferenças e semelhanças
entre esta página e a anterior? Também podem ser feitas modificações em determinados trechos do livro e até outros finais para a história. O professor deve também ficar atento sobre problematizações relativas a alguma página ou figura do livro que possa fazer ao longo da própria leitura. Desta forma, inicia-se a exploração matemática pelo que o próprio texto sugere e, durante os primeiros contatos dos alunos com a obra, o professor seleciona os aspectos matemáticos que deseja enfatizar para atender aos seus objetivos. Muitos livros trazem a matemática relacionada ao próprio texto, outros servirão para relacionar a matemática com outras áreas do currículo; há aqueles que envolvem determinadas habilidades matemáticas que se deseja desenvolver, e outros, ainda, providenciam uma motivação para o uso de materiais didáticos. Um livro, às vezes, sugere uma variedade de atividades que podem guiar os alunos para os tópicos matemáticos e habilidades além daquelas mencionadas no texto. Isto significa que “garimpando” nas entrelinhas, podemos propor problemas utilizando as idéias aí implícitas.
Texto - 1 Os números fora da escola
A idéia de que a Matemática só tem utilidade prática naquelas profissões que lidam com números – como a engenharia ou a contabilidade – encontra cada vez menor respaldo na realidade. O raciocínio lógico e os cálculos começam a ser exigidos em profissões que antes passavam bem sem eles. A bióloga mineira Maria da Conceição Carvalho, por exemplo, passa o dia fazendo contas. Funcionária do zoológico de Belo Horizonte, uma de suas funções é alimentar os animais. Para isso, ela precisa fazer cálculos exaustivos sobre a quantidade de calorias, proteínas e vitaminas necessárias ao prato do dia de cada bicho. O elefante Joça, uma das atrações do zoológico, precisa ingerir diariamente 25.000 calorias, 500.000 unidades de vitamina A e 22 quilos de proteínas. “O cardápio depende da quantidade de capim seco que Joça comer”, diz Conceição. “Se ele recusar 20 quilos de capim, tenho de dar para ele no dia seguinte 250 gramas de proteínas, o equivalente a 21 quilos de abóbora”. Recentemente, o casal de hipopótamos do mesmo zoológico, Toquinho e Popota, ganhou um filhote – e o biólogo Marco Aurélio Corabetti foi convocado a calcular o tamanho de uma nova casa da família dos hipopótamos. “Cada animal desses precisa de 400 metros quadrados de área para circular e de um tanque d’água de 200 metros quadrados”, diz ele. “Sou biólogo, mas, nessas horas, os conhecimentos em geometria são indispensáveis.” O advogado paulista Antonio Aidat, especializado em questões de família, também teve um encontro com a Matemática quando começou a defender casos envolvendo a identificação de paternidade. “Tive de aprender análise combinatória e a teoria das probabilidades para poder trabalhar”, diz ele. Segundo o método de identificação pelo DNA – o código genético peculiar a cada pessoa -, a confiabilidade dos resultados é de quase 100%. “No exame de DNA, se houver mais de dezesseis coincidências entre os exames dos supostos pai e filho, as chances de erro são nulas, segundo a Matemática”, calcula o advogado. Formado em Letras, o tradutor carioca Márcio Aguinaga, 39 anos, já se acostumou a trabalhar com uma calculadora à mão. Ele prepara legendas de filmes estrangeiros traduzidos para o Português – mas, quando começou a trabalhar no ramo, esbarrou num problema sério.
Os espectadores não conseguiam ler, em tempo, suas legendas – e a tela ficava coalhada de palavras que escondiam a imagem. Com um cronômetro e uma calculadora, ele aprendeu que uma imagem com menos de sete segundos nunca pode conter mais de 48 letras impressas. “Desde então, minha vida é calcular a tradução num espaço mais restrito”, diz Aguinaga. Veja. Abril, ano 22, n. 39, ago., 1989.
II - Atividade Prática 1 Lendo por um outro Ângulo
1. Leia o texto com sua professora e seus colegas.
2. Agora, conversem sobre:
- o assunto a que se refere o texto; - as profissões que foram citadas no texto; - coisas interessantes que você conheceu a partir do texto; - palavras e expressões que você leu no texto e que já foram trabalhadas nas aulas de Matemática.
3. No texto, o biólogo é convocado a calcular o tamanho das instalações para a família de hipopótamos. De acordo com os dados do texto, quantos metros quadrados serão necessários para o casal de hipopótamos e o filhote que acabou de nascer? Registre no seu caderno. 4. Pesquise, com pessoas da sua família e com seus vizinhos, a profissão de cada um. Pergunte a eles como utilizam a Matemática em seus trabalhos. Registre, em seu caderno, os resultados da sua pesquisa.
Texto 2 - Contando como um computador
Quando você vê um 1 e um 0 juntos você diria que eles representam o dez. Mas para um computador eles representam dois!
Nós contamos com dez algarismos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. Mas um computador usa apenas dois algarismos: 1 e 0. Por isso os números de um computador não se parecem com os números que estamos acostumados a ver. Nosso oito se escreve 8. Mas o oito de um computador se escreve 1000!
Isso parece estranho, mas eis como funciona: nosso sistema de numeração tem a base 10, isto é, agrupamos os números por dezenas. 10 unidades formam uma dezena. 10 dezenas formam uma centena. 10 centenas formam um milhar. E assim por diante. Quando escrevemos 235, estamos mostrando que esse número é constituído por 2 centenas, 3 dezenas e 5 unidades.
Cada algarismo equivale ao mesmo número de cotas em um ábaco.
Sua posição indica a quantidade que ele representa. Um 3 na posição das dezenas representa 30. Um 2 na posição das centenas representa 200.
Um computador usa a base 2, o que nós chamamos de sistema binário. Ele não tem casas para as unidades, dezenas, centenas, etc. Um computador tem uma casa para o um, um casa para o dois, uma casa para o quatro, uma casa para o oito, e assim por diante. Ele usa o sistema binário, o que significa que conta os números por grupos em que cada grupo vale duas vezes o anterior (e não dez vezes, como no decimal). E usa apenas dois dígitos para contar: 1 e 0.
Quando um computador registra o número 2, ele escreve assim: 10. Isso significa 1 grupo de duas unidades e 0 grupo de uma unidade. Ele registra o número 4 assim: 100, ou seja, 1 grupo de quatro unidades mais 0 de duas unidades mais 0 de uma unidade
Como você pode ver, um computador simplesmente soma os valores de grupos para formar os números – mas pode fazer isso mais rápido do que um piscar de olhos!
O Mundo da Criança. Matemágica. Rio de Janeiro, 1988 v. 10.p.30-31.
Atividade Prática 2 Lendo por um outro Ângulo
1. Reúna-se com um colega e leiam o texto.
2. Agora converse com sua professora e demais colegas sobre: - o assunto de que fala o texto; - por que os computadores só utilizam dois dígitos para transmitir informações; - a Internet e o acesso à informação na atualidade.
3. Você já conhece o sistema de numeração decimal. Neste sistema, os algarismos que formam um número indicam a quantidade de unidades simples, de grupos de 10, de 100, de 1000 e assim por diante. E, no sistema usado pelos computadores, o que os algarismos usados indicam? 4. Faça a seguinte experiência. Pegue 15 palitos de fósforo e verifique: a) Quantos grupos de 8 palitos você consegue formar? b) Com os palitos restantes, quantos grupos de 4 palitos você consegue formar? c) Com os palitos que sobram, quantos grupos de 2 palitos você consegue formar? d) Quantos palitos sobram?
Texto 3 - Uma noite de dois cães
Por milhares de anos, as pessoas avaliaram a temperatura pelo que sentiam. Para testar a temperatura de um forno, os cozinheiros punham a mão dentro dele. Se o tempo parecia frio, as pessoas vestiam mais roupas. Há muito, muito tempo, os aborígines da Austrália vestiam pouca roupa – quando vestiam algo. Quando fazia frio à noite, eles simplesmente se enroscavam com um ou mais de seus cães. De acordo com uma história que pode ou não ser verdadeira, mediam a temperatura pelo número de cães de que precisavam para se aquecer. Uma noite de cão era um tanto fria. Uma noite de três cães era muito mais fria, é claro. Não havia maneira de medir a temperatura até a invenção do termômetro, há cerca de 400 anos. E foi só há cerca de 260 anos que um alemão chamado Fahrenheit construiu um termômetro do tipo que usamos atualmente. A palavra termômetro significa medidor de calor. O termômetro de Fahrenheit era um tubo de vidro fechado com um bulbo em uma das pontas. O bulbo era enchido com mercúrio. O mercúrio, quando aquecido, subia pelo tubo. Quando esfriado, descia para o bulbo. Para medir temperaturas, Fahrenheit necessitava de uma escala, ou uma série de marcas, no tubo de vidro. Quando punha o termômetro numa mistura de gelo e sal, a coluna de mercúrio mantinha-se baixa. Fahrenheit fez uma marca no tubo nesse nível. Chamou a esse ponto zero grau ou 0°. Agora precisava de um ponto mais alto. Em algumas outras escalas de temperatura, o calor do corpo humano era marcado pelo 12. Mas Fahrenheit tinha um termômetro muito exato e uma escala de 0 a 12 não tinha extensão suficiente. Por isso, multiplicou o 12 por oito e marcou esse ponto com o 96. Usando essa escala ele descobriu que o ponto de congelamento da água era de 32° e o ponto de ebulição era 212°. Atualmente, na maioria dos países do mundo, usa-se um termômetro com uma escala diferente. Essa escala é parte do sistema métrico. Ela é chamada escala Celsius, em honra do astrônomo sueco que a criou. Na escala Celsius, também conhecida como escala centígrada, o 0 é o ponto em que a água se congela. Equivale aos 32° da escala Fahrenheit. E na escala Celsius o ponto de ebulição da água é de 100°. Equivale aos 212° da escala Fahrenheit. O Mundo da Criança. Matemática. Rio de Janeiro: Delta, 1988 v.p.100 – 101.
Atividades praticas do texto
1. Converse com sua professora e seus colegas sobre: • o assunto principal do texto; • passagens interessantes do texto; • palavras desconhecidas que aparecem no texto; • o que vocês conhecem sobre termômetros; • o uso do termômetro para verificar a febre.
2. Agora, responda em seu caderno de acordo com o texto.
a) Por que foi usado mercúrio no termômetro criado por Fahrenheit?
b) Qual a escala mais usada para medir temperatura?
Retirado do site:www.scribd.com/doc/3347544/Matematica-A-leitura-e-a-Literatura-nas-Aulas-de-Matematica - 653k Acesso em: 08/05/2009